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Do SPFW para o mundo

Do SPFW para o mundo

por André do Val

09 de abril de 2025

Ao longo de 30 anos, o São Paulo Fashion Week foi fundamental na criação do desejo pelo produto nacional e pavimentou o caminho de internacionalização dos estilistas brasileiros

Para prosperar na moda você precisa furar muitas bolhas. Além de talento e determinação, existem muitos outros fatores que influenciam no sucesso de uma empresa desse segmento. Na comemoração dos 30 anos do SPFW, vamos recordar vários exemplos de estilistas que partiram das passarelas do evento para uma estratégia internacionalização, pavimentando o caminho das novas gerações. 

Os exemplos mais atuais são a Piet de Pedro Andrade, que retorna ao calendário do evento em 2025, e Gustavo Silvestre, do projeto Ponto Firme. Com uma estratégia bastante arrojada, Pedro furou a bolha do mercado asiático, onde produz e distribui suas coleções de streetwear, e do europeu, ao desfilar também na semana de moda masculina de Paris. 

Já Gustavo Silvestre tem participado da semana de alta-costura de Paris em uma colaboração com o estilista suíço Kevin Germanier. Isso é o resultado de vários movimentos ao longo dos anos, com várias histórias que se cruzam com a história do próprio SPFW. 

JANELA DE OPORTUNIDADE

Neste mercado, não basta apenas ser reconhecido, é preciso aproveitar as janelas de oportunidade quando elas se abrem. Da mesma forma como nos anos 2000 houve um momento de projeção do mercado brasileiro no exterior, existe de novo uma grande possibilidade das marcas começarem a aparecer novamente no cenário internacional.

Uma das engrenagens mais importantes desse movimento foi a organização do calendário de lançamentos de moda no país, promovida pelo São Paulo Fashion Week desde meados dos anos 1990. Era uma época de um interesse pelo Brasil, do surgimento de grandes modelos e em que grandes nomes da moda buscavam alcance global… 

O contexto era um Brasil recém-saído de uma época de inflação e de economia fechada e via surgir um novo modelo de gestão de governo pós-redemocratização. E nesse vácuo, ter uma semana de moda no Brasil começou a chamar muito interesse de todo o mundo, e especialmente sobre como ela era feita e quais eram os aspectos que abordava.

O SPFW COMO AGENTE DE INTERNACIONALIZAÇÃO

Os primeiros jornalistas internacionais a se interessarem pela moda brasileira nessa época foram os ingleses, por que um dos primeiros nomes dessa geração a fazer esse movimento internacional foi Inácio Ribeiro. Ele trabalhou nas marcas mineiras Mabel Magalhães e Divina Decadência antes de desfilar no Brasil e em Londres com a marca anglo-brasileira Clements Ribeiro, fundada nos anos 1990 com sua mulher Susanne Clements.

Depois disso, muitas marcas, por terem desfilado no SPFW, tiveram uma abrangência de cobertura de mídia e exposição comercial que abriu espaço no mercado internacional. Nos anos 2000, uma delegação de jornalistas estrangeiros cobria regularmente os desfiles do evento para revistas, jornais e sites dos EUA, Inglaterra, Japão, Itália, Portugal… 

Nessa mesma época, Alexandre Herchcovitch desfilou em Paris, Londres e Nova York. Em Paris também desfilou Walter Rodrigues. Em Nova York, foram Fause Haten, Carlos Miele e Rosa Chá, e mais recentemente a PatBô, que chegou até a criar um figurino para Beyoncé. 

DESDOBRAMENTOS

Além das passarelas, a inserção do desejo por um produto brasileiro provocado pelo SPFW ajudou a despertar o interesse pela moda nacional do ponto de vista comercial, como aconteceu com Patrícia Viera na Barneys em NY e Isabela Capeto na Colette de Paris, exemplos de estilistas que chamaram atenção de compradores para distribuir suas coleções no exterior. Ou ainda Alexandre Herchcovitch que chegou a ter uma loja em Tóquio, e a Osklen que teve em vários pontos da Itália e Portugal. 

Esse impacto chegou até aos museus, como aconteceu com o desfile de papel de Jum Nakao, “A Costura do Invisível”, que teve grande repercussão internacional e está até hoje exposto em acervos do mundo todo como o Palais Galliera em Paris ou Hollywood Costume Museum em Los Angeles. Ele não desfilou essa coleção fora do Brasil, nem vendeu suas roupas por lá, mas sua performance teve grande alcance internacional. 

Mesmo considerando todos os problemas de internacionalização no Brasil, como as tarifas, a sobretaxa de impostos, a distância e o histórico jovem dessa indústria, são todas bravas iniciativas que mostram ao mesmo tempo a força individual das marcas e a importância desse conjunto para reforçar a relevância do calendário oficial da moda brasileira.  

Fique de olho no site e nas redes sociais do SPFW para acompanhar nosso conteúdo com a celebração dos 30 anos e a importância do evento na história da moda brasileira!

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