O estilista e artesão Gustavo Silvestre já participa há dez edições do SPFW com seu projeto Ponto Firme, um belíssimo exemplo de moda autoral sustentável e com forte viés social. Seus desfiles são sempre performances dramáticas em diferentes pontos de São Paulo, e nessa edição N58 ocupou a escadaria do Museu do Ipiranga.
Apresentou 40 looks feitos com o seu exclusivo “tecido de crochê” todo feito à mão, desenvolvido e ensinado como capacitação e terapia ocupacional para presidiários, egressos do sistema penitenciário e pessoas em situação de vulnerabilidade social.
São necessários até nove profissionais e 500 horas de trabalho em cada peça executada. Além do crochê, tem os bordados com paetês entrelaçados feitos de materiais sustentáveis a partir do descarte da indústria do plástico e em formas e tamanhos variados, como círculos, aros, conchas, retângulos, curvos como plumas…
Cada roupa de Gustavo Silvestre e o projeto Ponto Firme é única, mas a edição do desfile fez uma ordem por blocos de cores, começando com os bordados com lantejoulas brancas e pratas em diferentes tamanhos, seguido pelo mix de rosa e preto (como no macacão pink ou no vestido em Vivi Orth). Depois teve uma série com paetês dourados e brancos, e outra uma série de azuis e verdes a partir da entrada de Marina Dias. Para o fim, ficaram os roxos e multicoloridos e mais três propostas com cristais transparentes (para um fim de ano luxuoso)
O casting é igualmente inclusivo, com modelos trans, pretas e gordas. Todas ficaram lindas nos vestidos com fendas frontais ou laterais, que caiam sobre os corpos com a leveza do crochê e o peso dos bordados. A atriz Dandara Queiroz, a apresentadora Maya Massafera e um time de top-models brasileiras de todas as gerações mostraram como as criações ficam bem em todos os perfis de pessoas.
FICHA TÉCNICA
Vídeo: Protótipo Filme
Fotos: @agfotosite