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Pra ser top model é preciso maturidade

Pra ser top model é preciso maturidade

por André do Val

11 de abril de 2024

Isabella Fiorentino Foto: Gustavo Scatena/ @agfotosite

Além da questão de representatividade, ter modelos maduras no casting de um desfile se tornou uma maneira das marcas se comunicarem com sua clientela. Por conta desse movimento recente no mercado nacional, temos visto muitas das top models que foram sucesso desde os anos 1980 marcando presença novamente nos desfiles desse SPFW.

Dani Rotelli tem 49 anos e se diz da velha guarda da moda brasileira. Com 15 anos ela já trabalhava, na mesma época em que a própria indústria se organizava como um evento unificado que viria a se tornar o Calendário Oficial da Moda Brasileira. “Fiz campanhas para todas as marcas de jeanswear da época, como Zoomp, Forum, Ellus e M.Officer.  E é maravilhoso que tenha esse espaço para continuar trabalhando, avalia”. Ela credita tudo isso a sua beleza natural, que mantém com bom humor, muita risada e viver um dia de cada vez.  Essa avaliação não acontece por acaso… Houve uma época em que modelos tinham data de validade.

Eliana Weirich desfilou pela primeira vez no SPFW em 2001 com 14 anos, hoje tem 37. “Quando comecei a gente escutava que depois dos 25 você já estava velha pra ser modelo. Um pensamento absurdo que não cabe mais no mundo de hoje. Temos hoje uma oportunidade para mulheres se sentirem fortes e livres desse rótulo do limite de idade,” afirma. Atualmente Eliana mora em Milão e veio especialmente para o desfile de Lino Villaventura depois de 11 anos sem participar do evento (sua última aparição por aqui foi também para Lino Villaventura, em 2013). Nesse meio tempo desfilou para Chanel, Fendi, Louis Vuitton, Kenzo…

Nessa edição, a mais veterana de todas é Alessandra Berriel, que está com 53 anos. Ela começou com 15 anos quando foi convidada para um trabalho por Renato Kherlakian, da Zoomp, logo depois dela ter tentado (e falhado) um concurso de modelos. “Eu gosto de mim como eu sou hoje. Quem me contrata sabe que tenho rugas, que meu bumbum não é mais tão empinado e que depois de um desfile eu preciso por os pés pra cima de tão cansada. Não quero acionar os recursos que temos para parecer mais novas, por que eu sou isso: uma mulher madura!,” diverte-se.

Vivi Orth tem apenas 33 anos, mas é considerada veterana pois começou com 13 num desfile de Ronaldo Fraga em 2004, depois para Huis Clos, Neon e muitos outros. Exatos 20 anos depois, ela tem no curriculum desfiles de Dior (prêt-à-porter e alta-costura) com John Galliano. Essa janela é muito curta na vida de alguém, tanto na vida pessoal quanto na profissional.

Alessandra Berriel
Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite

“As modelos precisam amadurecer e ter o tempo pra errar e aprender com seus erros profissionais. Até uma gravidez ou um casamento podia significar o fim de uma carreira, mas hoje elas tem espaço para administrar a própria vida,” defende Liliane Gomes da Joy Model, que representa Marina Dias, outra das veteranas com longo histórico no SPFW e no exterior e fez vários desfiles nessa temporada paulistana.

“A consumidora que curte moda e que tem mais poder aquisitivo pra isso é a mulher madura,” diz Isabella Fiorentino, 46 anos, também da turma das pioneiras antes mesmo do SPFW. Ela começou aos 13 nessa época em que as colegas não passavam dos 30. “A beleza vem com a maturidade. A vivência traz uma segurança que transparece na sua beleza.” O segredo de longevidade pra ela é acordar com ânimo e dormir com sono (sem precisar de remédio!). “Estou na melhor fase da minha vida, com muita vitalidade, com muita vontade de fazer as coisas e fazer acontecer.”

Eliana Weirich
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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