Abrindo o dia de desfiles no espaço do Senac Lapa Faustolo, a estreia de Martha Medeiros no calendário do São Paulo Fashion Week não foi simplesmente um desfile. Foi praticamente uma aula apresentada pela própria estilista na passarela, que contava a história da marca e apontava os destaques das criações em tipos variados de renda, alternando sua voz com a trilha ao fundo: “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga. Não é sempre que temos oportunidade semelhante.
Martha traçou uma linha do tempo a partir das técnicas e das principais peças de seu acervo de várias décadas. A começar com os xales, que ela começou a fazer por inspiração de sua avó materna, que na passarela foram fechados com flores de mandacaru em bijoux produzidas numa colaboração com a designer Rose Benedetti. A planta, típica do semiárido e da caatinga, aparece várias vezes na coleção, como botões ou simplesmente como decoração.
Ela mostrou também peças mais joviais, como o quimono vestido no modelo Sam Porto ou os shortinho curto (todo em renda Renascença ou apenas com detalhes de renda nos bolsos). Já outras davam a ideia de alta-moda, como o bustiê-laço, o terninho preto ou o vestido rodado listrado com a barra decorada com essas flores de mandacaru em renda mas endurecidas com látex.
Teve ainda uma breve série de itens para resort, como vestido tipo cache-coeur de amarração cruzada na frente (tão fácil de pôr quanto de tirar). Ao final, a modelo Thalyta Pugliesi entrou com apenas um xale, e foi vestida ali na hora com um vestido e uma capa que estavam em exposição na passarela. Um recurso valioso para mostrar as suas roupas ao mesmo tempo que conta suas histórias.
FICHA TÉCNICA
Direção criativa: Martha Medeiros
Beleza: Max Weber
Fotos: Senac