Leandro Castro estreia na edição N59 do SPFW com a coleção “Linha”: um trabalho primoroso de formas construídas a partir de resíduos da indústria têxtil. Nada dos materiais que ele usa é de produção, são descartes de tecidos técnicos, de uniformes, de luta e até feltro de carpete.
O estilista tem em seu mural de referências os principais códigos dos designers japoneses, como a silhueta horizontalizada, camadas de sobreposições, volumes orgânicos, plissados e a cartela de preto total. Já a tal linha que ele cita vem dos conceitos de subjetividade e abstração do artista russo-alemão Wassily Kandinsky. “A linha geométrica é um ser invisível, é o rastro do ponto em movimento.”
Assim, linhas de todos os tipos ajudam a construir a ideia do desfile, que começa com um coletão de trama bem aberta e pontas desfiadas, como traços de rascunho. Listras precisas aparecem também no quadriculado fino das camisas ou do terno risca-de-giz. Mistura as linhas retas da alfaiataria com uma cobertura de linhas curvas dos babados.
O contraste aparece também entre os casacos volumosos em materiais pesados como feltro ou leves e transparentes como organza. A linha mais rígida de todas foi a de um look coberto por paetês retangulares de 30 cm de madeira. Já o traço mais livre que apareceu foi uma estampa de rabiscos pretos sobre tecido branco mais ao final.
Uma estreia de impacto, mostrando um trabalho minucioso de detalhes, criando novas formas e mostrando as muitas possibilidades do tecido e do pensamento sustentável na moda brasileira. Um sucesso!
FICHA TÉCNICA
Styling: Marcio Banfi
Beleza: Helder Rodrigues
Trilha: Diogo Simão
Direção: Kadu Gandara
Fotos: @agfotosite
Vídeo: Protótipo Filme