Quando foi lançado o calendário oficial de moda brasileira, o mercado nacional era primordialmente pautado na moda jovem e na indústria do jeanswear. Ao longo de 30 anos, o desejo de moda evoluiu para outras áreas, mas sem perder esse clássico como referência de estilo e inovação. Conversamos como as responsáveis pelas principais marcas especializadas do país para recontar a história de sucesso desse segmento e avaliar o atual panorama do mercado.
Carolina Gold e Pitty Talliani, da Amapô
“Quando a gente começou, o mercado brasileiro era dominado pelas grandes marcas, das quais nós também éramos super mega fãs. Zoomp, Forum, Ellus… Foi bem no momento que o mercado também abriu para marcas internacionais, mas não tinha nenhuma novidade brasileira, estava tudo mais consolidado. E a gente chegou neste lugar! O mercado de jeans atual é no Brás e Bom Retiro. Lá tem as modelagens do momento. Não tem mais uma única marca que está bombando, que é a mais famosa, que você tem que ter. Tá bem pulverizado. O jeans é democrático, então tem que ter muitas marcas mesmo, mas falta uma pessoa nova.”
Adriana Bozon, diretora-criativa da Ellus
“Nos anos 90, gente teve uma época muito forte da moda do jeans. As maiores marcas de moda eram pautadas no jeans. Então a gente tinha dois concorrentes muito importantes, que eram Forum e Zoomp, que eram os principais concorrentes, e gente ficava ali brigando pela primeira posição. Ao longo do tempo as coisas foram mudando. Hoje em dia, tanto no Brasil quanto no mundo, existem outros tipos de marcas relevantes e que não são só pautadas no jeans. Teve mudança de estilo de vida que foi acontecendo conforme a evolução da sociedade e do desejo de moda.”
Gloria Kalil, jornalista
“No final dos anos 70 eu trouxe para o Brasil uma marca italiana chamada Fiorucci, que foi a primeira marca de moda jovem onde o jeans e o estilo de vida, era extremamente visual, com um grande apelo de imagem. Naquele tempo já tinha no Brasil várias indústrias de jeans, mas a vinda da Fiorucci, que era uma marca estrangeira de grande repercussão internacional, deu uma referência internamente para um movimento que já estava acontecendo aqui. Jeans implica em volume de produçãoe se beneficia que mais pessoas usem. A moda não pode ser massificada como jeans. Então naquele tempo a indústria da moda teve uma importância muito grande, empregava muita gente, tinha grande produção e grande distribuição. Hoje isso não existe mais. Então foi uma época muito potente para as semanas de moda como o São Paulo Fashion Week, porque eram eventos ancorados em grandes indústrias.”