Walério Araújo é familiar entre drags, trans e divas que buscam looks impactantes para o palco ou tapete vermelho. Nessa temporada ele entra mais a fundo na questão dos muitos aspectos de gênero, desde uma brincadeira subjetiva, com os versos das roupas e as costas nuas, como conotações mais explicitas, como os bordados de canutilhos com desenhos de genitais.
A alfaiataria é um recurso que ele vem desenvolvendo em anos recentes, como complemento para seus vestidos, e nessa estação servem como o contraponto masculino aos vestidos de rendas transparentes ao sugerir a prática de cross-dressing e as diferenças na manifestação de gênero entre o público e o privado. O primeiro vestido roxo que abre o desfile é feito a partir de um terno do avesso, por exemplo.
A dualidade e as homenagens às mulheres trans estão presentes em vários momentos, como o vestido estampado com uma foto de Márcia Daylin desfilado por um modelo homem ou a própria presença de sua amiga Maya Massafera de terno na passarela. A bandeira de arco-íris símbolo da causa LGBTQ+ aparece nas faixas de um vestido tubinho coberto com brilho e um evasê bordado com franjas de miçangas. E nessa onda pop tem também muitas peças mais casuais com estampa de oncinha, masculinas e femininas.
Sem deixar de lado, claro, as propostas ultra femininas de silhuetas justas em tafetá, shantung, vinil, jersey e veludo alemão, em tons de preto, bege, roxo e avermelhados. O que seria de Walério sem as mulheres?
FICHA TÉCNICA
Styling: Marcell Maia
Beleza: Helder Rodrigues
Trilha: Fábio Lopes
Direção: Ed Benini
Bolsas: Guarda Mundo
Sapatos: Claudio Carvalho
Fotos: @agfotosite
Vídeo: Protótipo Filme