Na terceira participação no SPFW, Soul Básico fala sobre conceito Sentimento Oceânico, descrito pela primeira vez em 1927 em uma carta de Romain Rolland a Sigmund Freud. Trata-se, em resumo, do sentir-se eterno, sem limites perceptíveis, infinito. Segundo a teoria, essa integração universal é nada mais do que uma ideia de pertencimento, em que não há separação entre o eu e o outro: apenas o todo, do qual nada pode ser separado.
A proposta da Soul Básico para essa temporada é mais versátil do que essa ideia inicial, num equilíbrio refinado de conceitual e comercial, de natural e sintético, que resulta não em uma moda única, mas multifacetada. Na abertura, uma série de camisas recortadas de linho, com pontas soltas, formas amplas e às vezes amarradas como camisolas cirúrgicas. O branco segue nos conjuntos de calça e camisa ou jaqueta, finalizados com cordão de palha na cintura segurando um cristal e com tênis branco de solado baixo e meia alta (como tem se usado nas ruas). Todos modelos com maquiagem e cabelo com efeito molhado pra reforçar o sentimento oceânico.
Depois entram os pretos, também com formas assimétricas, mas em tecidos mais grossos, como algodão, mesh e neoprene. E a mesma ideia se repetiu em marrons e beges estampados com traços finos de azul que pareciam desenhos topográficos. Por fim, os looks prateados (esse recurso deve aparecer bastante nessa temporada de desfiles) e jeans sem lavagem, como na calça de cinturas sobrepostas da entrada final. Além do efeito de passarela, tem várias opções de camisetas e bermudas para fazer o básico renovado e com alma que o estilista Zeh Henrique defende como sua assinatura criativa.