O trabalho do artesão Gustavo Silvestre com a ressocialização de detentos e reinserção de egressos do sistema prisional por meio do crochê é uma das perspectivas mais inspiradoras do futuro da moda brasileira. Essa atenção para as questões sociais e para os trabalhos manuais é a nossa melhor contribuição para a indústria de luxo global.
O que eles começaram como um projeto experimental está cada vez mais com cara de roupa, na evolução das técnicas e no planejamento de coleção, mas sem perder o frescor de novidade. Teve até acessórios: bolsinhas triangulares e papetes Rider com bordados de contas.
Destaque para os vestido compridos coloridos, com franjas nas mangas e nas barras, com desenhos de paisagens de verão e uns pretos noturnos no final. Nessa temporada decoraram os pontos com correntes e pedras coloridas (é um material com que Gustavo se identifica há muitos anos). Prontos pro tapete vermelho.
Teve também várias boas ideias em metalizados ou com franjas de papel-celofane, para looks de fim de ano na praia. Mas essa turma do Ponto Firme é especialista também em criar imagens de impacto, como os mantos (um branco todo de pontos abertos ou com bordados localizados), inspirados no Manto Cerimonial Tupinambá (confeccionado no Brasil entre os séculos 16 e 17). O styling do desfile é assinado pela estilista indígena Day Molina, ativista que luta pela descolonização e representatividade na moda.