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Como a reciclagem de roupas pode se tornar uma indústria lucrativa

Como a reciclagem de roupas pode se tornar uma indústria lucrativa

por Redação

15 de julho de 2022

Foto: Reprodução

Atualmente, mais de 15 quilos de resíduos têxteis são gerados por pessoa na Europa. Já no Brasil, o equivalente a um caminhão de roupas é enviado para o aterro ou à incineração a cada segundo, enquanto menos de 1% das fibras têxteis usadas na produção de roupas são recicladas e destinadas para a produção de novas peças. 

No mundo todo, a maior fonte de resíduos têxteis são roupas descartadas e essa geração de resíduos têxteis é problemática, pois a incineração e os aterros são seus principais destinos finais. Isso tem várias consequências negativas para as pessoas e o meio ambiente. 

Segundo um estudo da consultoria McKinsey, há uma transformação significativa a caminho que pode resultar em uma nova indústria grande e sustentável que transforma resíduos em valor.

As maneiras já existentes de adereçar esse problema são a redução da superprodução e do consumo excessivo, a extensão da vida útil do produto e o design de produtos pensado para maior circularidade. Mas todas essas atitudes ainda dependem do comportamento do consumidor e de cada marca – ainda não há uma ação coletiva forte na indústria. 

Uma das alavancas mais sustentáveis ​​e escaláveis ​​disponíveis é a reciclagem fibra a fibra – que transforma resíduos têxteis em novas fibras que podem ser usadas para criar novas roupas. Isso pode acontecer em um ritmo acelerado e possibilitar a escala. A  reciclagem mecânica do algodão puro também é uma tecnologia que já está estabelecida. O report da McKinsey afirma que uma vez que essas tecnologias estiverem maduras e acessíveis, cerca de 70% dos resíduos têxteis poderão ser reciclados no esquema fibra a fibra – hoje menos de 1% dos resíduos têxteis são reciclados fibra a fibra devido a várias barreiras de escala que precisam ser superadas.

Por barreiras, entende-se: a coleta, a classificação e o pré-processamento. Os resíduos têxteis precisam ser escaneados e classificados e a maioria das tecnologias de reciclagem fibra para fibra tem requisitos de entrada rígidos em relação à composição e pureza da fibra – nesse caso, materiais como o elastano é problemático para entrar nesse programa. O jeans precisa ter seus zíperes e botões removidos – um problema que precisa ser resolvido pelo pré-processamento. Cada peça parece ter sua particularidade e a classificação e o pré-processamento de fibra avançados, precisos e automatizados ainda não foram desenvolvidos. As tecnologias de reciclagem de fibra a fibra devem expandir ainda mais sua capacidade de lidar com misturas de fibras, reduzir seus custos e melhorar sua qualidade de produção – esses gargalos impedem que a economia têxtil circular se expanda.

Investimentos altíssimos são necessários para escalar essa tecnologia para a indústria têxtil, criando uma nova indústria com foco em reciclagem que pode ser auto-suficiente e lucrativa com um pool de lucro de € 1,5 bilhão a € 2,2 bilhões até 2030, ainda segundo a McKinsey.

“Além dos benefícios econômicos diretos, a escalada da reciclagem têxtil desbloqueia vários benefícios ambientais e sociais. Por exemplo, em nosso cenário-base, cerca de 15 mil novos empregos poderiam ser criados e as emissões de CO2e poderiam ser reduzidas em aproximadamente 4 milhões de toneladas (equivalente às emissões cumulativas de um país do tamanho da Islândia)”, diz o report. Sem falar na redução do uso da água e da terra. 

Roupas separadas para reciclagem / Foto: Reprodução

SOLUÇÕES

A reciclagem têxtil na Europa não alcançará um estado favorável até 2030, a menos que sejam tomadas medidas importantes rapidamente. O relatório identificou cinco passos importantes para que os objetivos possam ser alcançados.

Escala: A reciclagem têxtil não pode funcionar em pequena escala.

Colaboração de verdade: Os desafios à frente são melhor resolvidos de forma altamente colaborativa. Líderes empresariais em toda a cadeia de valor, investidores e líderes de instituições públicas precisariam se unir de uma maneira sem precedentes para se engajar em um esforço conjunto operacional para superar as barreiras à escala.

Financiamento de transição: Embora a análise indique que a indústria de reciclagem de têxteis possa – uma vez que tenha amadurecido e ampliado – se tornar autônoma e lucrativa, o financiamento de transição será necessário no curto prazo.

Investimentos: Várias partes da cadeia de valor devem ser construídas quase do zero, o que requer um investimento significativo de capital. Os investidores privados liderariam essa jornada tomando a iniciativa de financiar a construção da cadeia de valor.

Empurrão do setor público: Os líderes de instituições do setor público teriam que ajudar a impulsionar a reciclagem têxtil. As medidas incluem aumentar as taxas de coleta, limitar a exportação de resíduos têxteis não triados, estimular a demanda, criar estruturas harmonizadas para aumentar a circularidade, entre outras iniciativas.

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